segunda-feira, 1 de setembro de 2014

"Até as baratas evoluem. Menos a medicina no Brasil."

É com essa frase que quero começar meu post de hoje. 
"Até as baratas evoluem. Menos a medicina no Brasil".

Desde que decidi ter um parto digno e natural, respeitando o momento que meu filho quiser vir ao mundo, comecei uma verdadeira peregrinação.
Mais do que ter coragem de parir sem anestesia, sem intervenções médicas, é preciso suar muito a camisa para conquistar esse direito aqui no nosso país.
Aqui existe uma fábrica de bebês. Produção de bebês. Onde não se respeita a vontade da gestante e muito menos do bebê.
A gestante, que deveria ser a protagonista desse momento, passa a ser mera coadjuvante de um momento tão seu. Ficando à mercê dos médicos e enfermeiros.
Marca-se um horário pro bebê vir ao mundo. 
Tipo: Sexta-feira às 16 hs.
Alguém perguntou pro bebê se ele quer nascer esse dia? Não.
E tome-lhe ocitocina sintética, e toma-lhe cesariana desnecessária alegando as mesmas MENTIRAS de sempre: o neném está sentado, o neném está enrolado, você não tem dilatação, o neném é grande, sua bacia é estreita.

MULHER FOI FEITA PRA PARIR !!!
Ah sim, você optou por um parto normal. Ufa, conseguiu !! Mas daí o médico saca da tesoura pra fazer um rasgo desnecessário em você alegando que você não vai aguentar ter o bebê sem ele.
Eu estou indignada. E mais indignada ainda em saber que pra ter um parto livre de todas essas violências obstétricas tem que ter muita bala na agulha, meu bem.

Ou você tem dinheiro pra bancar um parto domiciliar onde vai contratar doula, obstetriz e médico e vai desembolsar aí uns 20 mil reais.
Ou tem que ter um mega plano de saúde, o que não vai te livrar de pagar algum por fora.
Ou recorrer às casas de parto. Ah, esqueci...se você tiver uma cesariana anterior, como é o meu caso, essa não é opção.
Ou seja: Como é que faz, Brasil??

Vou ter que deixar meu filho nascer do jeito que os médicos querem?
Até quando fazer um rasgo na barriga da mulher e colocar um ferro na cabeça da criança pra trazê-la ao mundo vai ser normal?
Vou ter que tomar ocitocina sintética e ouvir desaforo caso eu faça um plano de parto e não queira?
Nessa hora, eu me vejo como uma leoa rugindo em volta da cria e sinto-me revoltada. Ninguém vai tirar meu filho antes da hora. Ele vai escolher como quer nascer.
Quer dizer que se eu quiser parir de cócoras, de quatro, na água, no banquinho eu não posso? Porque não é procedimento do hospital? Existe agora um procedimento pra nascer??

Sinto-me triste pela Giovana. Pelos traumas que a minha filha sofreu no parto e eu nem sabia. Era uma adolescente. Hoje eu abraço a minha filha e peço perdão mentalmente pelo que deixei acontecer com ela.
Cheguei na maternidade e o médico do nada disse que tinha que fazer uma cesariana porque ela estava sentada e com o cordão enrolado no pescoço.
Não fizeram ultrassom pra saber. Ou seja, foi mentira. Ou então esse médico é dotado de algum dom sobrenatural e adivinhou só de olhar pra minha barriga.
A Gi foi tirada antes do tempo com 2,800 kg. Nasceu de madrugada em uma sala fria e com uma luz branca no rostinho dela. Foi sugada com aparelhos pois não passou pelo canal de parto onde seria naturalmente massageada nos pulmões e choraria.
Isso é um parto normal? 
Maternidades que parecem hotéis cinco estrelas. Que a nutricionista vem oferecer o cardápio para a mãe e o esposo. Você pode comer yakissoba, strogonoff ou sushi. As portas são repletas de rosas, TV de plasma, serviço de quarto, frigobar, sala de estar, luxo, luxo e mais luxo.
Um bebê que estava dentro do útero precisa disso?
A transição do útero para o mundo exterior é muito traumática. E o parto natural tem sido visto como algo retrógrado.
"Você é índia pra parir sem remédios?"
Até isso já tive que ouvir. Ser índia é cuidar com amor do nascimento dos filhos? Sou índia, então.
O sistema público de saúde então. Nem se fala.
As enfermeiras te largam lá. E tem que ficar deitada, hein? "Na hora de fazer não gritou assim."
É muita, muita, muita violência.
O que eu queria? Ter meu filho na sala de casa. Juro. Mas devido à droga da cesariana que tive não posso fazer isso.
Mas eu vou lutar. Eu vou atrás desse empoderamento. Vou fazer meu plano de parto.
O meu filho vai nascer do jeito que ele quiser. 




2 comentários:

  1. Oie, flor tem uma pessoa que pode te ajudar muito, ela assim como vc teve seu primeiro filho num parto cesária, mas o segundo (menos de 2 anos depois) ela lutou e conseguiu ter na sala da sua casa, sem pagar esses altos custos cobrados. Fale com ela, o nome dela é Bruna Romeiro, procure ela no face ou instagram, garanto que ela terá o maior prazer em te ajudar, sem cobrar por isso, te dando muitas dicas.

    segue o link do face dela> https://www.facebook.com/bruninha.romeiro?fref=ts

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    1. Uau, Diane. Que ótima notícia !!! É uma luz no fim do túnel. Confesso que ontem chorei muito por causa desse assunto. Não quero ver meu bebê sofrer violência. Obrigada meeeeesmo !!! Um Beijo !!!

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