quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Se enxerga, menina !

Foi exatamente essa frase que ouvi ontem de uma amiga da minha igreja.
No final do culto, ela e mais uma vieram pegar na minha cintura e conferir se eu não estava de cinta. As duas são lindas e magérrimas e me elogiaram pela determinação, força de vontade e por estar magérrima.
Antes disso, a tarde, uma amiga que vi no sábado me mandou uma mensagem pelo Facebook dizendo: "Você está magérrimaaaaaa !".
Então, quando eu ouvi isso dessas duas amigas me senti desconfortável e explico o porquê.

Tudo aconteceu rápido demais no meu corpo, na minha aparência, na minha vida. Eu sempre me senti muito insegura em relação a mim mesma desde a adolescência. 
Me escondia em blusas de moletom enormes mesmo nos dias de calor pois minha vontade era que ninguém notasse a minha presença. Cansei de ouvir: "Tira essa blusa, Ro, olha o calor !" 
Eu não ia a festas, baladas, era a mais quietinha da sala. A "gordinha legal" que ajudava todo mundo. A menina que os meninos gostavam de ter como amiga, mas nunca como namorada.
Cresci com isso. Com essa imagem de mim mesma. De que não era capaz de despertar interesse ou elogios por parte de ninguém.

Eu já comentei isso aqui anteriormente, mas sinto a necessidade de dizer de novo. A mudança na minha vida foi radical. Com a mudança do corpo, eu mudei muitas coisas na minha vida. Resgatei sonhos antigos como a dança. Comecei a dirigir. Me cuidar. Ousar no cabelo. Falar em público. Eu exteriorizei aquilo que estava dentro de mim desde a adolescência mas que não me sentia segura para dizer naquela época.

Porém eu sempre tive e ainda tenho uma dificuldade muito grande de receber elogios. Eu nunca consigo ouvir um elogio sem retrucar. E ontem foi assim. Recebi o elogio e retruquei: "Não exagera, eu não tô tão magra assim!"
Foi quando vi minhas amigas se entreolhando e me dizendo: "Cuidado, você está ficando doente!"
Foi uma bomba ouvir isso. E ter que admitir que estou com medo de iniciar um processo de distorção da minha imagem.
Ter que admitir que quando me olho no espelho só vejo defeitos. E admitir isso tem dois lados. Alguns entendem. Outros acham que eu estou querendo mais elogios e/ou me fazendo de desentendida. 
Apesar de não estar com um peso muito baixo (65,2 kgs), como tenho uma estrutura óssea larga, meus ossos estão aparecendo. Estou com braços finos e na parte da "saboneteira" com os ossos salientes. O rosto afinou muito também. E eu só vejo isso quando tiro fotos.

Esses dias um casal enviou para mim uma foto que tiramos no casamento deles e eu não me reconheci na foto. Foi ali que eu vi que já estou magra. E que estou no limite. Mais do que isso, eu vou ficar feia.
Junto com novos hábitos alimentares eu adquiri manias. Mania de balança, mania de contar calorias, mania de ler rótulos, mania de tirar medidas toda manhã.
Gente, no que eu me transformei? Em uma neurótica? 

Resolvi postar esse desabafo pois tomei consciência disso a tempo. A tempo de mudar e me policiar. É assim que começa a anorexia. 
E emagrecer não tem que ser o principal objetivo da nossa vida. 
Comecei a fazer uma lista de tudo o que tenho além do corpo magro. E o resultado foi fantástico.
Amigos, filha, esposo, pais, igreja, saúde, dança, etc etc etc. Isso sim tem que ser prioridade.
Entendam bem, não estou jogando lama em tudo que venho dizendo nesses últimos meses. Continuo com o lema de "saúde é o que interessa". Mas saúde é diferente de neurose. Não focar somente no peso, mas na qualidade de vida.
E isso envolve tudo.

Faço um compromisso de parar nos 64 kgs que quero atingir. E mantê-lo. 
É o que basta pra mim !

E vamo que vamo !!!!

Beijos. 

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